Quem sou eu

Eu sou eu, meus eus e os seus.

domingo, 28 de março de 2010

O SER E EU

 Às vezes não tenho vontade de realizar nada. Nada mesmo, vontade de sumir, ir talvez para um mosteiro beneditino, budista ou franciscano para elevar o pensamento e alcançar a meditação.   E ao mesmo momento observo que minha fuga só vai em pensamento, pois indo aos lugares que almejo não terei a liberdade, vou ser monja e existem as normas de convivências vigentes em cada ambiente humano. Sigo, presa aos meus princípios novamente pela rua Antunes Ribas, passo a praça Pinheiro Machado e vou até a Antônio Manoel, caminhando como um soldado brasileiro em marcha para a guerra imaginária. Dobro na esquina da Marechal Floriano e visualizo o grupo de pessoas já conhecidas que seguem a mesmo rotina; a espera do ônibus. Todos já sabem quem é quem dentro do ônibus, o motorista, o cobrador, os passageiros diários e bem como seus destinos. No momento somos todos cúmplices da labuta energética, pois a partir que iremos trabalhar estaremos conquistando pelo ao menos o pão e o leite diário.É muito interessante esta experiência que estou passando.Algumas pessoas amigas que passam por eu, e observam que estou na parada de ônibus tornam- se desconhecidas neste momento. Eu compreendo, pois neste instante sou popular. E a noite chega e em reunião de confraternização as mesmas pessoas amigas sorriem e festejam comigo a sociedade hipócrita em que pertencemos .Eu, e meus eus entram em enorme conflito existencial. Afinal, quem somos nós seres humanos? Eu, apenas estou realizando a rotina diária do meu trabalho como professora no mundo onde a nosso planeta Terra está em jogo e pede socorro. Tem uma coisa, prefiro andar de transporte coletivo... porque não sei dirigir um automóvel. Gosto muito de caminhar... é um bom exercício físico... quando o calo não ficar dolorido.

6 comentários:

Lorís disse...

Quando comecei a ler teu texto, pensei que fosse meu! Identificação!!Mas não me censuro pelo desejo de fuga eventual,afinal, todo aluno detém o olhar pela janela durante a prova. Abraços.

Cláudio Fernando Dognani disse...

É muito bom caminhar, faço isso sempre e prefiro fazer sózinho, vou pensando, refletindo sobre a vida, nesses dias estou sózinho em minha nova casa, sem TV, sem armário, sem internet... as vezes me pego falando sózinho, converso relembrando do passado, vou para as minhas fotos no not e fico matando a saudades, lágrimas rolam, aí vem o nó na garganta, o tempo passa, a dor continua, a vida também...
adorei o texto. abraço e muita luz

Eunisia disse...

Loris, são os meus eus e os seus eus na transmutação.
Bjs

Eunisia disse...

Claudio,
O tempo passa mas nós continuamos sendo seres humanos neste mundo, temos direito de demonstrar nossas emoções pelo universo.
Abs,
Eunísia

Marjorie disse...

Flor...

Aqui não é diferente de muito lugar nesse mundo. A loucura não deve passar muito distante de outras pessoas, assim como as tristezas e as perplexidades. Tanto aqui quanto no Palácio de Potala, no Tibet,os problemas assombram terrestres crédulos ou não. A diferença é que lá existem bandeirolas onde os budistas escrevem suas dores com esperança de que o vento as leve para longe. Até Almodóvar já falou isso em Volver... o problema é que o vento, além de levar o que incomoda, também pode provocar incêndios. Há como controlar isso?

As ruas são as mesmas e as pessoas também. Mas e o olhar? Isso sim é possível controlar.

Beijo

Unknown disse...

Bom dia, Eunísia.
Aqui está o registro da minha rápida visita.
Leio frequentemente suas crônicas. Gosto das coisas que falam do cotidiano, das coisas que falam das nossas fraquezas, das nossas angustias, dos nossos medos...
Lá... bem no fundo, somos todos meios parecidos. Alguns se fazem mais transparentes, outros nem tanto, mas todos trazem, em seus corações, necessidades parecidas... todas inerentes a nossa condição humana.

Um fraterno abraço,

Carlos Roberto Severo