Quem sou eu

Eu sou eu, meus eus e os seus.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

LENDAS URBANAS








Começo a escutar o belo replicar dos sinos da igreja matriz que funcionam como uma orquestra, soando memórias de um povo. Aí tudo começa... nostalgia, o som toca dentro do meu corpo humano, é uma sensação que realmente não consigo descrever. O significado oculto das badaladas do sino... sino, coração da cidade e da gente.
Meu amigo misterioso não tirava da sua cabeça o boné preto, trazia muitas histórias e não economizava palavras. Sempre sentava no mesmo banco da praça Pinheiro Macahado, voltado para o leste onde podia visualizar, pelos galhos das árvores, o belo céu azul celeste. Seus tímidos gestos lembravam a presença da doença de Parkinson.
- Meu trabalho sempre foi digno de ser realizado. Tinha que, algumas vezes, realizar horas extras, trabalhar à noite por solicitação do prefeito Odão Felipe Pippi. Era apenas ajudante como se diz hoje, officie boy, mas dava para sustentar a mulher e dois filhos pequenos, pois complementava meu trabalho como mecânico da oficina do senhor Juca. Mas,  aconteceu algo diferente naquela noite.Enquanto escrevia um discurso para o prefeito, numa solidão tremenda, somente eu e Deus, ouvi o ruído das batidas da máquina de escrever que ecoavam naquela sala em que ficava a secretaria da prefeitura.     Tomei coragem e  abri a porta... simplesmente não enxerguei nada, nenhuma pessoa, mas o som continuava e só restou sair porta a fora do local do trabalho.
O tempo passou, e eu comecei a investigar essa história contada pelo meu amigo para fazer parte de um projeto Lendas Urbanas. Em busca de dados resgatei algumas histórias orais e outras ficarão no anonimato. Muitos se negaram a relatar alguma coisa sobre a lenda.
Até hoje, no tempo pós- contemporâneo, onde a informatização e a cibernética estão presentes no cotidiano do ser humano, essa história continua. Seu Joel, guarda da prefeitura municipal, atualmente realiza o trabalho diurno, relatou que, às 4 horas de uma noite fria, nem lembra a data, ouviu um barulho de um serrote serrando madeira bem como, alguém martelando na parede. Ruídos que vinham do segundo piso. Ele afirmou que ouviu nitidamente os sons e foi ver o que estava acontecendo... não avistou nada e desceu correndo as escadas todo arrepiado e com medo. Silenciou até quando uma rádio de Porto Alegre resolveu entrevistá- lo. Detalhe, não lembra quem foi o entrevistador.
- Sabe, dona Eunísia, também vi pelo monitor uma mulher subir a escada toda vestida de azul forte, não pude ver seu rosto. Chamei a colega que já estava indo embora, pois já eram 17 horas, e fomos atrás para saber quem era. Com toda coragem subimos as escadas, andamos pelo prédio superior, em cada repartição, e nada de ver alguma coisa. Até agora, contando essa história, parece que estou vendo ela no monitor.
Minha curiosidade fica cada vez mais aguçada e tento instigar seu Joel a fazer mais relatos do que sabe, ouviu falar e contar. Reluta um pouco e deixa escapar o pensamento e completa:
_ O guarda noturno, como sempre realizando as observações necessárias da profissão, parado no portão avistou de longe na madrugada, lua cheia, uma bola de fogo rolando em círculos perto daquele banco da praça. Não hesitou e chamou o colega que estava conversando com ele. Chegaram perto e não viram nada.
Lembrei do que a cigana falou:
- No pátio do prédio da Prefeitura Municipal era o cemitério antigo dos índios e jesuítas. Cruz credo, mas aquele homem de capa preta parece uma  alma perdida, ele caminha e ao mesmo tempo dá a impressão que está volitando todas as noites na praça Pinheiro Machado. Fixa o olhar com nostalgiapara o prédio da Prefeitura, como se quisesse desenterrar um corpo conhecido.
A memória talvez brinca com o tempo, faz o imaginário popular uma lenda urbana.

sábado, 23 de outubro de 2010

 



ESTOU...
 

COM A POLÍTICA DO BRASIL!!!
Será mesmo que a ação de votar é um direito ou uma obrigação? Vamos defender o voto livre!



sexta-feira, 22 de outubro de 2010

OBSERVE E VEJA COMO ESTÁ A MINHA VISÃO POLÍTICA NO MOMENTO!!!

                                                     MAS, A PÁTRIA BRASIL É MEU PAIS!!!
                                                               SOU UMA CIDADÃ BRASILEIRA!!!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

ROMPIDA COM MEUS EUS E OS SEUS

Estou de mal, rompida comigo mesma
e não vou negar que até com Deus estou divorciada
já levei vários sermões
recebi diversas mensagens sobre esperança e fé
fui chamada de atéia, feia  e bruxa wicca
e condenada por ter realizado um pacto com o demônio.
Só quero dizer inquisitores,
que no lugar onde moro
tem uma mini floresta
a fonte de àgua potável
uso somente vestidos  longos
ando descalça, tomo vinho e acendo velas
Velas, para  iluminar meus antes queridos
e o pequeno oratório.
Oratório, formado por objetos religiosos
presenteados por seres pequenos e grandes
que habitam o meu microcosmo.
E também comunico que o incenso de lavanda
eleva meus pensamentos
e o re- ligare com o macrocosmo.
A sinto uma paz e ela traz a certeza
que o Supremo
compreende e compreenderá o meu inconsciente.
E agora, peço licença
vou passear com a minha cachorra
e na sustentabilidade tudo que for realizado
por ela, será recolhido ao lixo orgânico.
Você compreende ou tentará compreender
os meus conflitos...
conflitos...tristezas...paixões...
 somente paixões...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

DESABAFO CÍVICO

Permita-me um desabafo cívico: faz tempo que eu perdi a ESPERANÇA.
A minha Pátria amada, idolatrada, “salve-salve” tornou-se uma mãe impiedosa, indiferente, insaciável e cruel. Cheguei ao ponto de pensar que ESPERANÇA era um sentimento para tolos, ignorantes, simplórios e hipócritas…Eu vivi os estertores do regime militar. Tempo suficiente para sonhar que um novo Brasil era possível. Eu tinha ESPERANÇA. Eu chorava ao ouvir o Hino Nacional. Cantava com raiva daqueles que haviam se apropriado da nossa liberdade. Ansiava com algo que parecia impossível: o fim do regime. Era movido à ESPERANÇA.
Diretas Já! Fim da ditadura do cala a boca, dos grupos para-militares, das torturas, do entreguismo. Uma nova aurora raiou no horizonte. Ponto para a ESPERANÇA.
Só faltava o novo Brasil. Aí veio a idéia maluca de votar num metalúrgico, pobre, feio, de poucas letras, barbudo e sem um dedo minguinho.
A partir daí, a ESPERANÇA passou por duros golpes. O primeiro – e quase fatal – foi o Collor. A ESPERANÇA ficou asmática, mas resistiu, porque os “cara-pintada” foram às ruas e fizeram respiração boca-a-boca. Doses maciças de cidadania puseram a ESPERANÇA em pé, zero quilômetro. Afinal, o barbudo ainda estava no páreo.
Depois veio o Fernando Henrique. A ESPERANÇA agonizou por oito anos, com um intervalo de luz, para votar no barbudo. Ela quase desistiu, mas não se entregou. Afinal, quatro anos passam rápido.
Aí a ESPERANÇA se enfeitou toda para a festa da vitória. O barbudo ganhou de lavada. Ela pegou bandeira, pregou botton, gritou palavras de ordem, dançou e nada pareceu suficiente para expressar tanta alegria.
A ESPERANÇA ficou paralisada com os primeiros golpes contra ela. O projeto do novo Brasil, tão sonhado, não previa expedientes ilegais, para “garantir a governabilidade”. A cidadania deitou em berço esplêndido para se recuperar aos poucos. A ESPERANÇA ficou com vergonha e não encheu mais a minha paciência.
Eis que, como um lábaro estrelado, a ESPERANÇA tomou coragem e bateu à minha porta. Veio carregada por uma brasileira de verdade. Com cara de brasileira de verdade. Feia, pobre, seringueira e de formação universitária. Dona de coragem e sabedoria. Guerreira, trabalhadora e valente, como todas as brasileiras de verdade.
Quando surgiu, aliada a um partido sem expressão, me deu um cansaço: essa aí não leva nem pro fumo. Mas aos poucos, a danada foi atiçando a minha amizade pela velha e carcomida ESPERANÇA. O golpe de misericórdia foi quando a seringueira falou: “precisamos mudar os paradigmas”. Mudar os paradigmas! É isso! É exatamente isso, a base de tudo o que precisamos. Mudar a maneira de ler o mundo, de ler o Brasil. Cada um agindo de forma sustentável. Mudando discursos, estilos de vida. Nas mínimas coisas. Sem perder o foco no progresso, no desenvolvimento, mas mudando o combustível do carro, pegando mais ônibus, comendo carne dos campos de capim e não dos de madeira. Pedindo certificação da madeira dos nossos móveis. Escolhendo fornecedores, no dia-a-dia, que tenham preocupação com a ecologia. Com o nosso mundo. Isso é muito! Essa é a mudança que se faz urgente!
Nada da cantilena estéril, dos que transformaram a mídia eleitoral num televendas de promessas, ideologias e favores. Atiçando a máxima do: “se a farinha é pouca, meu pirão primeiro”. Discursos, miseravelmente, iguais: programas fantasiosos de última hora; promessas mofadas; baixarias, chicanas, clichês, clichês, clichês. A garantia de que tudo será como está, amanhã e depois de amanhã.
Aí veio a dona do bom senso e me disse. De que adianta votar nela? Ela não vai ganhar mesmo. Veio outra, a do senso estético e disse: ta maluco? Nem cara de presidente ela tem. Aí veio a dona da verdade e disse: vota na outra. Ou tu prefere que “aquele lá” seja presidente.
Foi o que eu precisava pra me decidir: eu voto na ESPERANÇA. Pelo menos no primeiro turno. Se um milagre acontecer, no segundo, também. Mas perdi a esperança de acreditar que Deus é brasileiro. Olha a Seleção… No segundo turno, se der a “lógica” eu ouvirei os conselhos das donas do bom senso, do senso estético e da verdade.
O barbudo fez o que um presidente tinha que fazer. Não fez tudo. Faltou muita coisa. Disse que não sabia da malandragem dos sepulcros caiados, que ainda estão impunes, mas vá lá. Mas foi ele.
Pelo menos, no Rio Grande do Sul, o Genro da ESPERANÇA está de volta. É o meu consolo.
Lá, em Brasília, se a ESPERANÇA tiver que esperar mais umas três eleições, para fazer a festa, eu aguentarei. Mesmo que seja taxado de tolo, ignorante, simplório, ou hipócrita.
Artur José Pinto
Diretor de teatro, um cidadão

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

E A MÁSCARA CAIU

Sei que sonho o impossível
que posso chegar anos luz da Terra
em algum outro planeta
onde eu possa sobreviver
sem tristeza e melancolia
Onde o meu ser humano
possa comer algodão doce
maçã do amor e deletar a fome

Posso virar uma bruxa
e no caldeirão de água fervente poluente
colocar uma pitada da morte e do preconceito
uma colher de sopa da inveja
uma xícara de chá do ódio
um quilo da miséria humana
meio quilo da mentira
e ainda complementar com doenças mentais
e drogas modernas

Tenho o poder de transformar na alquimia
a tristeza em alegria
o ódio em amor
a mentira na verdade digna
às drogas em doses de simpatias
 da morte, dela sei que não posso fugir
Só sei que quero viver com você
agora, agora e imediatamente
me beije... me beije...
eu ainda estou acordada
e a máscara caiu