Quem sou eu

Eu sou eu, meus eus e os seus.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

SAPATINHOS NA JANELA ...


"Coloquei meu sapatinho
na janela do quintal
como é que Papai Noel
não esquece de ningém
seja rico ou seja pobre
o velhinho sempre vem,
seja rico ou seja pobre
o velhinho sempre vem"

Aquela noite prometia ser diferente.Tudo estava perfeito. Todas as estrelas no espaço cósmico presentes, a lua nem se fala, estava radiante, mais bela como nunca. No canto da sala como costume, o presépio estava montado, tinha montanhas, cascatas, rios, vaquinhas, pastores, ovelhas pastando. Jesus Cristo, Maria, José e os Três Magos... todos presentes. O colorido dos enfeites na àrvore de Natal, as velinhas acesas...tudo perfeito. Havia bolachas pintadas com temáticas de Natal( estrelas, lua, animais), cucas caseiras, biscoitos de manteiga. O cheiro exalava pela casa. Depois da reza, todos foram dormir, na expectativa da chegada do Papai Noel, lá do Polo Norte.
Acontece que a Vó Adelina colocou seu tamanco de madeira, que utilizava para trabalhar na capina da roça, na janela principal da casa( só tinha quatro), depois de esfregar com escova para deixá- lo branquinho ou da cor da madeira, como se fosse novo.
O silêncio dominou todos familiares, somente as cigarras, os grilos e os vaga- lumes levitavam na bela noite e demonstravam suas potencialidades.
Quando completou seus 70 anos, a Vó Adelina, realizou seu belo sonho. Ganhou a boneca de porcelana que tanto sonhara na noite de Natal da infância. A boneca estava vestida de noiva, mostrando toda a sua pureza.
Apesar de suas mãos trêmulas pela demência do Parkinson, acaricia sua boneca, substituída agora pelas ausências de suas filhas e netos. Marido há muito tempo não existe.
Nunca mais colocou os sapatinhos na janela do quintal. Pois o Papai Noel esqueceu o seu presente de Natal, o que foi difícil de compreender, pois não importava que se era rico ou pobre, o velhinho sempre vinha... mas ele não veio!


Nenhum comentário: